RAÍ. O TERROR DO MORUMBI !

Raí Souza Vieira de Oliveira nasceu em 15 de maio de 1965 na cidade de Ribeirão Preto interior de São Paulo.
É um imenso prazer falar sobre esse craque que marcou época no Futebol Mundial.
Pouca gente sabe, mas a primeira bola com a qual Raí competiu foi a de basquetebol, esporte que praticou dos 12 aos 14 anos e rendeu-lhe o vice-campeonato pela Recreativa de Ribeirão Preto. Raí sempre jogava pelada com os amigos como todo menino. Mas, só entrou em campo quando tinha 15 anos. Um amigo que jogava no Botafogo de Ribeirão Preto levou Raí para fazer um teste. Nessa época, o craque não acalentava maiores sonhos de se tornar um jogador profissional. Afinal, a família já tinha um craque, Sócrates O Doutor, que foi considerado um dos melhores jogadores do mundo na Copa de 1982. Mas Raí acabou passando na peneira e foi chamado para treinar pelo time. Jogou pelo Botafogo de 1980 a 1986, até o nascimento da sua primeira filha, em 1982. Raí não levava o futebol a sério. Pouco comparecia aos treinos, e quando comparecia chegava atrasado. Estava sempre distraído durante as partidas. Torcida gritava seu nome para que o jogador lembrasse que estava em campo.
Mas a responsabilidade veio com o nascimento da Emanuella. (Sua filha). Começava a mudar sua relação com o futebol. A nova postura logo gerou resultados, em 1983 Raí se profissionalizou.
Depois de uma excelente experiência no Botafogo, Raí teve uma passagem relâmpago pela Ponte Preta em1986. Contundiu-se várias vezes e acabou voltando para Ribeirão Preto. Nessa época foi treinado pelo uruguaio Pedro Rocha que viu em Raí uma dinâmica de jogo diferente, e apostou no seu talento. Com o estímulo, Raí acabou se tornando um dos poucos jogadores de futebol de um clube do interior a chegar à seleção brasileira.
E assim, no dia 19 de maio de 1987, Raí estreou com a cobiçada camisa da seleção Canarinho no empate de 1×1 com a Inglaterra. Quatro meses depois, sua convocação para a seleção rendeu a maior transação já realizada entre times brasileiros na época. Raí foi comprado pelo São Paulo Futebol Clube por 24 milhões de cruzados. Na época o São Paulo vinha passando por um período difícil e sem títulos.
A adaptação de Raí à cidade, ao time e principalmente ao esquema do treinador Cilinho também não foi fácil. Ainda assim, fez parte do grupo campeão paulista de 1989.
Seu desempenho começou a mudar com a chegada de Telê Santana. Telê é considerado o grande responsável pelo aperfeiçoamento do talento de Raí.
O estilo rigoroso de Telê foi muito importante para aperfeiçoar Raí. Um craque, ídolo do São Paulo, era magistral, mágico, um gênio. Quantos não começaram a torcer pelo São Paulo por causa dele. Dinâmico, sempre tirava um coelho da cartola, gols e jogadas geniais.
Torcida São Paulina vibrava e cantava.
RAÍ O TERROR DO MORUMBI!
Com Telê Raí treinava exaustivamente, marcação aos adversários e principalmente as finalizações. Logo conquistou a camisa 10 e começou a colecionar conquistas. Seu segundo Campeonato Paulista veio em 1991 quando foi artilheiro do time com 20 gols.
No mesmo ano, conquistou o campeonato Brasileiro junto a um time de craques como: Zetti, Cafu, Antonio Carlos, Muller, Toninho Cerezo, e outros. Em seguida veio o Bicampeonato na Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes de 1992.
Aliás, uma das maiores recompensas pelo trabalho árduo que Telê e Raí realizaram em conjunto, veio justamente na final do Mundial de 1992 contra o Barcelona, precisamente aos 34 minutos do segundo tempo de uma cobrança de falta ensaiada, milhares e milhares de vezes.
Para muitos, o gol mais emocionante da história da SPFC.
Na opinião de Raí, e a de milhares de torcedores tricolores amantes do bom futebol e técnicos no Brasil e no mundo, 1992 foi o ano da consagração do craque.
O caminho natural do já então ídolo Raí eram os campos internacionais. Dentre as várias propostas que recebeu, Raí acabou se decidindo pelo francês Paris Saint-Germain. Em setembro de 1993, fez sua primeira partida vestindo a camisa azul e vermelha do e marcou o único gol do jogo contra o Montpellier.
Mas, a adaptação em Paris foi ainda mais difícil do que em São Paulo. O esquema de jogo do time, o idioma, o clima, nada ajudava. E Raí foi parar no banco. Mais uma vez, uma mudança de técnico ajudou o jogador, que começou a brilhar na Cidade Luz. Suas atuações foram melhorando e com elas a colocação do time no campeonato francês que passou do 6º para 2º lugar. O Paris Saint-Germain dificilmente teria conquistado tantos títulos entre 1994 e 1998 sem a presença de Raí. Ex: Copa Liga da França (95 e 98), Campeonato Francês (94) e a Recopa Europeia (96). A torcida reconheceu a ligação entre o craque e tantas vitórias. Raí virou um ídolo entre os torcedores que o consideram como um dos maiores jogadores que já passaram pelo time. O PSG renovou o contrato com Raí por mais 3 temporadas e o craque só voltou ao Brasil depois de cinco anos atuando na França.
Na sua última partida, o público compareceu ao estádio com placas verde-amarelas e cantou Aquarela do Brasil.
Raí se emocionou. Anos depois ao descobrir que Raí assistia a um jogo do PSG da tribuna de honra, torcedores e jogadores começaram a gritar seu nome.
Apesar de ter voltado ao Brasil, o ídolo nunca se desligou afetivamente do time e da cidade de Paris.
Em 1999 por conta de uma cirurgia no joelho, Raí passou nove meses sem jogar. Assim que se recuperou, voltou ao Morumbi e ajudou o São Paulo a conquistar o campeonato paulista sobre o Santos. O craque aproveitou a vitória para anunciar que deixaria de jogar.
No ano 2000 aos 35 anos, Raí se despediu dos gramados.
Na seleção brasileira, entretanto, não teve tanto destaque como no São Paulo. Jogou 51 partidas marcando dezesseis gols, incluindo um de pênalti no jogo contra a Rússia pela primeira fase da Copa do Mundo de 1994.
Nessa Copa foi titular nos três primeiros jogos quando também era capitão, posto que passou para Dunga. Também entrou no segundo tempo contra Holanda nas quartas-de-final, e Suécia nas semifinais.
Raí atualmente é diretor do São Paulo Futebol Clube.
Explode torcida Tricolor.
RAÍ O TERROR DO MORUMBI!
Norberto Crispim
colunadonorba@gmail.com