Calderano bate “chinês dominicano”, leva ouro e vai a Tóquio

Sexto colocado do ranking mundial. Melhor jogador não asiático do mundo. Cabeça de chave número 1 dos Jogos Pan-Americanos. Hugo Calderano chegou a Lima como o grande favorito à medalha de ouro. Em nenhum momento, no entanto, o peso de ter a “obrigação” de ser campeão atrapalhou a caminhada rumo ao bicampeonato dos Jogos. Um a um, o carioca de 23 anos foi deixando para trás seus adversários até alcançar o lugar mais alto do pódio. O último obstáculo foi o chinês Wu Jiaji, que até a categoria juvenil defendeu as cores do seu país, mas que se naturalizou dominicano e acabou derrotado na decisão, de virada, com parciais de 11/8, 6/11, 8/11, 11/7, 8/11/7 e 11/2. Com o resultado, o brasileiro garantiu a classificação para a Olimpíada de Tóquio.
“O mais importante, para mim, foi fazer o meu jogo, principalmente porque aqui eu era o cabeça de chave número 1, o mais bem ranqueado. Eu sabia que eu tinha que entrar bem agressivo e fazer meu jogo”, afirmou Hugo Calderano, ciente da responsabilidade que tinha na competição. “Eu sei que muitos torcedores tinham uma grande expectativa em mim, mas já estou acostumado a lidar com isso e, quando entro para jogar, contra qualquer adversário, ele não tem cara, pode ser chinês, brasileiro ou de qualquer nacionalidade. Só sei que estou jogando contra outro jogador de tênis de mesa e que eu tenho que ganhar aquele jogo”, explicou o brasileiro.
Com esta consciência, Hugo Calderano conseguiu manter a frieza mesmo quando enfrentou momentos difíceis ao longo da campanha que o levou à terceira medalha de ouro da carreira em Jogos Pan-Americanos. Um exemplo disso foi a final, quando o brasileiro chegou a estar perdendo sem sets por 2 a 1 e 3 a 2, mas conseguiu a virada para ficar com o título. “Para mim, o mais importante do tênis de mesa é o mental. Claro que você precisa ter uma técnica boa e uma parte física boa, mas eu acho que o mais importante é a concentração e o foco nos momentos decisivos, manter a calma e o tênis de mesa é muito técnico, mas tudo é muito decidido no detalhe, então qualquer perda de foco nas horas decisivas pode fazer a diferença”, explica.
Para Hugo Calderano, o segredo é jogar um ponto por vez, sem ficar pensando muito no placar momentâneio da partida. “Eu sempre penso cada ponto no que eu preciso fazer. Não adianta eu ficar pensando no set que já foi ou na vitória que está por vir ou na derrota que está por vir. É só pensar ponto a ponto que isso certamente vai me trazer o melhor resultado”.
Na caminhada até o título, Hugo Calderano, que estreou só nas oitavas de final por ser cabeça de chave, derrotou o chileno Juan Lamadrid por 4 a 1 na estreia e depois passou pelo mexicano Marcos Madrid por 4 a 0 nas quartas. Na semifinal, fez 4 a 2 no canadense Eugene Wang, jogo que terminou cinco horas antes da decisão contra Wu Jiaji.
O título deu a Hugo Calderano a vaga para a Olimpíada de Tóquio. A participação nos Jogos de 2020 passa a ser, a partir de agora, a prioridade do mesatenista, que espera manter a boa posição no ranking até lá para entrar como cabeça de chave nos Jogos e só pegar os adversários mais fortes na reta decisiva da competição.
Créditos: olimpiadatododia.com.br