Nem relaxamento natural após evitar rebaixamento apaga feito notável do Guarani na Série B

O Guarani conseguiu o feito de deixar o gramado do Brinco de Ouro, na sexta-feira à noite, aplaudido pela torcida mesmo após uma derrota em que não acertou um chute ao gol do seu adversário. Não há, é bom que se diga, exagero algum no gesto dos pouco mais de dois mil bugrinos presentes ao último jogo do time em casa na temporada.
Os aplausos só refletem o quanto a torcida, que se descabelou em muitos meses do ano, reconhece o tamanho do feito deste time. Algo que não pode ser apagado por causa de uma derrota até certo ponto esperada, por se tratar de um jogo entre um time com situação resolvida e outro sonhando acordado com a Série A.
Thiago Carpini não erra quando diz que pegou o Guarani na Série C e trouxe, junto com este criticado grupo de jogadores, o clube de volta à segunda divisão. Foram 31 pontos em 20 jogos e uma reação que só pode ser comparável a do Figueirense, que também evitou o rebaixamento em meio à crise política e financeira, e do América-MG, que saiu da lanterna para provavelmente cravar um lugar na elite em 2020.
Por tudo que viveu nos últimos três meses, com a pressão de evitar uma queda dada como certa, nada mais natural do que relaxar corpo e mente quando o objetivo é atingido. Foi exatamente isso que aconteceu no Guarani contra o América-MG. Os nomes da escalação eram os mesmos de partidas anteriores, mas a disposição e a postura, claro, não se equivaliam.
A Série B acabou para o Guarani no sábado passado, quando Diego Cardoso garantiu o magro 1 a 0 sobre o Operário-PR e sacramentou a permanência alviverde na Série B. A partir de agora, por mais que o discurso aponte para um lado, o foco está em 2020. E não tem como ser diferente.
Para não sofrer as mesmas decepções de 2019, com derrotas doídas, eliminações vexatórias e desespero quase até o fim, o Guarani precisa colocar em prática tudo que aprendeu com esta dura temporada. As lições vão desde montagem do elenco e escolha de uma filosofia de trabalho até situação política e relacionamento com a torcida.
Enquanto planeja o ano que vem, este Guarani pode curtir os merecidos aplausos pelo que mostrou no último trimestre. Agora é trabalhar para ser aplaudido na próxima temporada. De preferência, mais vezes e por coisas melhores do que a salvação de um rebaixamento.
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