Análise: decisões erradas no campo e no banco custam à Ponte um dérbi que escancara a ferida

Parecia que seria o dérbi da redenção da Ponte Preta, com a vantagem de 2 a 0 ao fim do primeiro tempo. Mas foi o dérbi da confirmação. Uma confirmação às avessas.
Da confirmação de um time que desmonta na primeira adversidade. Da confirmação de uma campanha marcada por erros em todas as esferas do clube. Da confirmação que o rebaixamento, em condições normais, seria uma consequência natural da história escrita até aqui, com sete derrotas, um empate e duas vitórias em dez rodadas de Campeonato Paulista.
Em um primeiro tempo que executou à risca a estratégia de João Brigatti, anulando o Guarani na marcação e apostando nos contra-ataques, a Ponte foi para o intervalo com jogo à sua feição. Os gols de Alisson, aos 41 minutos, e Roger, aos 46, criaram um cenário que nem o mais otimista alvinegro – seja torcedor, jogador, integrante da comissão técnica ou dirigente – poderia imaginar.
A Macaca tinha 2 a 0 no placar, com o estádio do rival sem torcida e colocando a pressão no outro lado por conta do tabu de oito anos em dérbis. Só que escolhas equivocadas no segundo tempo, em campo e também no banco, jogaram por terra o que foi construído a muito custo nos 45 minutos iniciais.
A começar do recuo excessivo que permitiu ao Guarani pressionar para diminuir cedo com Júnior Todinho, aos 10 minutos – em lance irregular na origem, segundo a Central do Apito. A necessidade do adversário se lançar ao ataque, porém, deu à Ponte campo e chances para frear a reação.
A principal delas aconteceu aos 15 minutos, quando Roger invadiu a área, mas errou o passe para João Paulo numa situação quem eram dois pontepretanos contra um defensor. Tivesse o atacante tido mais capricho, o meia receberia de frente para Jefferson Paulino.
Mas os jogadores não foram os únicos que tomaram decisões precipitadas. Se a escalação titular foi uma cartada certeira de João Brigatti, as mudanças durante a partida comprometeram. Aos 23, o técnico decidiu apostar em Apodi, há quase três semanas sem atuar, no lugar de Bruno Reis, em uma mudança que surpreendeu para o padrão Brigatti, deixando Vinicius Zanocelo como segundo volante e diminuindo o poder de pegada no meio de campo.
A entrada de Cléber Reis no lugar de Yuri, aos 31 minutos, para Henrique Trevisan fazer a lateral esquerda também não fez sentido. Um giro do ponteiro antes, outro detalhe fez a diferença: João Paulo recebeu na entrada da área e, com Roger livre, preferiu o chute direto e parou em grande defesa de Jefferson Paulino.